Até onde cidadãos da classe média (média pro governo né?) irão pagar a conta?.
É muito simples, para aqueles que têm muito dinheiro o governo não precisa defender, eles têm com os defenda, para os miseráveis que há pouco tempo estavam abaixo da linha de existem as políticas assistencialistas, as bolsas, até os exilados do passado têm bolsa, o próprio presidente da república, três dias preso no período de ditadura e R$ 5000 de pensão vitalícia, e a classe média? Quem defende seus interesses?
Mudar a vida do miserável é fácil, o bolsa família melhora a vida de quem não tem nada em 100%. Mas, e aqueles que pagam imposto de renda, escola, convênio médico, previdência social, contribuições sindicais, tudo sem nenhum benefício.
Na verdade resolvi escrever isso nem foi pra criticar o governo, mas, pra tentar entender onde iremos parar. Muita gente está se acostumando com o assistencialismo e institui-se informalmente a profissão de miserável, pedinte, o esmolé.
Antigamente eu não podia conceber que alguém resolvesse viver assim de livre e espontânea vontade, mas tenho mudado a concepção.
Após ver algumas coisas na minha vida, percebo que as pessoas estão realmente pouco preocupadas, pedir é mais fácil, sempre haverá alguém com um bom coração.
Não estou dizendo que pessoas realmente não possam chegar ao ápice da miserabilidade, mas, duas rápidas historinhas, certo dia no transito de São Paulo, uma mulher com uma criança no colo, pedindo no sinal, cena clássica numa metrópole como São Paulo. Uma outra mulher, num carro, não luxuoso, compacto popular, abre o vidro, e lhe entrega um pão desses redondos (talvez sírio), a criança segura o pão, a mão vira as costas, tira o pão da criança e joga no chão.
Cena dois, outro dia no ônibus fui despertado a escrever esse texto por um rapaz, alto, forte, aparentemente saudável, não se queixou da saúde, apenas pediu ajuda para levar o leite pra casa. No ônibus umas vinte pessoas que possivelmente estavam desde as seis da manhã acordados, já se passavam das dezenove horas, provavelmente todos cansados, alguns talvez até com uma saúde mais fragilizada, outros após o trabalho se dirigindo à universidade, enfim, os responsáveis pelas engrenagens do país continuarem girando. O que me chamou a atenção não foi o gesto de pedir ou o gesto de ajudar, mas sim, a frase final do texto do rapaz, que provavelmente repetira o dia todo, disse ele "se souberem de algum lugar que possa me ajudar, com comida ou dinheiro eu agradeço". Afinal, num lugar como São Paulo é muito difícil ficar sem comer ou sem ajuda.
Fiquei pensando, não vejo dentro de ônibus, trem e metrô (e olha que utilizo muito transporte público) ninguém pedir trabalho. Há uns duzentos metros do local que o rapaz entrou no ônibus uma obra com uma placa, precisando de trabalhador, porém, pedir exige um esforço menor.
Não sejamos hipócritas, claro, tem gente passado fome? Tem. Mais dois exemplos e tenho certeza que você deve ter mais algum, outro dia, num ônibus na região do ABC percebi um cartaz da empresa Basf, onde oferecia trabalho e estudo para deficientes físicos, primeiro e segundo grau, trabalhando, com salário e benefícios de uma empresa Multinacional.
Num outro canto da cidade a empresa de elevadores Atlas Schindler mantém aliança com o Senai para os cursos de qualificação profissional de montagem e instalação de elevadores, pra se ter uma ideia a última turma teve índice de contratação por parte da empresa de 90%. E tantas outras empresas têm ação desse tipo.
Mas pedir é mais fácil, exige menos esforço. Esse é "ensinar a pescar" do governo brasileiro.
Pablo Souza